segunda-feira, 11 de outubro de 2010

“ Nenhum circo sobrevive sem o público, pois é o público quem paga o salário dos palhaços”.

   

   Há algum tempo que a espetacularização é imprescindível para a eficiência do pleito, ou melhor, do candidato. Milhões são gastos em publicidade e os efeitos são visíveis em qualquer parte... Poluição visual, sonora, degradação ambiental e “rabo preso” pelo lobby dos patrocinadores. Elencam-se aí bons moços: sorridentes, barbeados, bem – vestidos, de fala mansa e braços abertos.
Mas nesta última eleição surgiu um candidato peculiar. O palhaço Tiririca, conhecido pela massa com o personagem homônimo ao atuar em programas televisivos humorísticos ou ao interpretar músicas de qualidade dúbia , erige-se como a novidade do jogo democrático. O candidato assume a postura de anti-herói, com um discurso avesso ao politicamente correto e toca numa ferida aberta e oculta pelas formas tradicionais de política.
    O Tiririca reitera o imaginário social da corrupção, patrocinado, sobretudo, pelo massmedia, e ganha milhões de adeptos ao afrontar e escarnecer das instituições democráticas. “Pior do que tá, não fica”. Esse pessimismo, essa desilusão martelada diariamente pela mídia vendida é um dos fatores primordiais para a inércia social e a manutenção da corrupção, uma vez que nós, brasileiros, tendemos a rir das questões primordiais para o nosso desenvolvimento e nos damos ferrenhamente a discussões fúteis envolvendo futebol ou telenovelas.
    Todavia, uma boa lição pudemos tirar dessa estória toda: “pior do que tá, não fica”. Tiririca mostra-se como um termômetro da consciência política rasa e conformista que alastra-se pelo país. E mesmo que a votação tenha sido em protesto, tal protesto nada muda, nem influencia na guerra à corrupção, uma vez que sendo ou não analfabeto, Tiririca será escarnecido e manipulado na Câmara até o fim de seu mandato. 

By : Muzzi

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