segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Futebol pulítico e pulítica no futebol

Nos últimos dias temos acompanhado canetas, pedaladas, chapéus e, principalmente, cartolas protagonizando o mundo da bola. O futebol "manager" tem estampado as capas dos diários esportivos e ocupado um bom tempo no jornalismo brasileiro.
A crise no Clube dos 13 é evidenciada com o anúncio oficial do desligamento corinthiano com a entidade. Dias mais tarde, os grandes clubes do Rio, seguidos por Cruzeiro, entre outros, anunciam também seu desligamento.
A dissidência,além da corrupção do C-13,deixa claro que há um novo panorama econômico e marketeiro no nosso futebol. Os clubes, sufocados pela deliberação burocrática e pelo repasse fracionado de direitos de transmissão, preferem negociar "for your self" com as emissoras. Aliás, o vai-vém de estrelas pré-aposentadas em nossos clubes, tem rendido milhões ultimamente.


A questão mercadológica e midiática, alastrou seu processo nos gramados brasileiros dos anos 1980 pra cá, e hoje é um dos pilares dos campeonatos. O que é o Ronaldo fenômeno em seu discurso fake, elencando sua passagem patética pelo Corinthians como um dos momentos mais marcantes de sua carreira? Marketing! E o Ronaldinho Gaúcho levando 20 mil torcedores em plena quarta-feira à sua apresentação ou ensaiando passos de samba na Sapucaí? Marketing! Isso é ruim? Não... é necessário! É justamente o que tentarei discutir numa série de 3 posts: o futebol, como esporte popular, ganha significado político e imagético, tornando-se cimento social de identidade, esperança, merchandising e propaganda de um sistema econômico hegemônico. Não vou, porém, me ater ao reducionismo de dizer que o futebol é o ópio do povo... É muito mais!



O CLUBE DOS 13


Fundado numa conjuntura economicamente delicada, a entidade surge como proposta de desatrelamento à CBF e ao jugo burocrático e financeiro a que os clubes até então submetiam-se. Até 1987 (ano de criação do Clube dos 13) os campeonatos eram organizados a partir do repasse de verbas públicas e o lucro era quase exclusivo do movimento das bilheterias. Porém, os grandes clubes, através do C-13, uniram-se e criaram a Taça Brasil, campeonato reconhecido inicialmente pela CBF como equivalente ao brasileiro e depois submetido à condição de cruzamento numa segunda fase com outro módulo organizado pela entidade.O desfecho, todo mundo sabe... Flamengo Campeão de um módulo, Sport de outro e uma indefinição protelada até as últimas semanas.
Em jogada defensiva, a CBF reconheceu diversos títulos nacionais do passado como a Taça Brasil e o Robertão, fazendo de Palmeiras e Santos octa campeões brasileiros. Ora,no plano político a distinta Confederação procurou protelar ou coibir a reivindicação pelo reconhecimento de primeiro penta campeão por parte de Flamengo e São Paulo. Não deu certo!O Tricolor e o Mengão intensificaram as rusgas burocráticas/judiciais e colocaram em cheque a legitimidade das decisões cebê-éficas! Para remendar as fissuras, a insigne entidade futebolística legitima a Copa União de 1987 como título brasileiro.

Pergunta:
Quem ganhou afinal o Campeonato de 1987?
Resposta:
Sport e Flamengo!
Pergunta:
Quem é o primeiro penta campeão ou primeiro a ser três vezes campeão, consecutivamente?
Resposta:
Flamengo, Santos, Palmeiras... ah, depois veio o São Paulo!
Pergunta:
Quem tem a Taça das bolinhas?
Resposta:
São Paulo!
Pergunta:
Pra onde vai?
Resposta:
Ninguém sabe!
Pergunta:
Quem merece?
Resposta:
O Flamengo, segundo a torcida e a própria CBF, mas até então, a pelota tem rolado nos bastidores da Justiça Desportiva.
(...)
Enquanto isso, os sãopaulinos não largam as bolinhas, os flamenguistas ficam com ciúmes e o caso vai dando pano pra manga!

No próximo capítulo: o futebol, a identidade social e os regimes autoritários !